Locação por Airbnb em Condomínios Residenciais: TJSP Reforça Proibição em Decisões Recentes

Locação por Airbnb em Condomínios Residenciais: TJSP Reforça Proibição em Decisões Recentes

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Locação por Airbnb em Condomínios Residenciais: TJSP Reforça Proibição em Decisões Recentes

Introdução

A locação por plataformas digitais, como o Airbnb, tem gerado intensos debates jurídicos, especialmente em condomínios com destinação exclusivamente residencial. Com o aumento de conflitos entre condôminos, síndicos e proprietários, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) proferiu decisões recentes que reforçam o entendimento de que a locação por curta ou curtíssima temporada configura hospedagem atípica, incompatível com a finalidade residencial.

Neste artigo, explicamos os fundamentos jurídicos dessas decisões e mostramos como elas impactam a gestão condominial, o exercício do direito de propriedade e os limites da função social da moradia.

O que é locação por curtíssima temporada via Airbnb?

A locação por curtíssima temporada ocorre quando o imóvel é cedido por poucos dias, geralmente menos de uma semana, por meio de plataformas digitais como Airbnb ou Booking.

Diferença em relação à locação por temporada tradicional

Essa modalidade se diferencia da locação por temporada prevista na Lei nº 8.245/91 (art. 48). Enquanto a lei prevê uma finalidade residencial temporária, a curtíssima temporada envolve alta rotatividade, ausência de habitualidade e natureza comercial.

TJSP: Locação por Airbnb é hospedagem atípica e fere a natureza residencial

Decisão 1 – Apelação Cível nº 1005786-65.2024.8.26.0002

Relator: Des. Carlos Dias Motta
Órgão Julgador: 26ª Câmara de Direito Privado
Comarca: São Paulo – Foro Regional II – Santo Amaro – 7ª Vara Cível
Julgamento: 31/07/2025 | Registro: 31/07/2025

Ementa:
“Locação por curta temporada que configura verdadeiro contrato de hospedagem. Incompatibilidade com a finalidade residencial do condomínio. Proibição mantida. Sentença confirmada.”

Destaques da decisão:

  • A convenção condominial previa destinação exclusivamente residencial. 
  • Mesmo com a anulação da assembleia que proibiu o Airbnb, a ausência de permissão já bastava para considerar a prática irregular. 
  • O relator reforçou que a curta temporada desvirtua a função residencial e se aproxima de hospedagem. 
  • A sentença de 1ª instância foi confirmada e o recurso do réu foi negado. 

Decisão 2 – Assembleia pode restringir Airbnb sem alterar convenção

Apelação Cível nº 1080071-60.2023.8.26.0100
Relator: Des. Neto Barbosa Ferreira
Órgão Julgador: 29ª Câmara de Direito Privado
Comarca: São Paulo – Foro Central Cível – 26ª Vara Cível
Julgamento: 29/08/2025 | Registro: 29/08/2025

Ementa:
“Locação por curtíssimo prazo, inclusive via plataformas digitais, caracteriza modalidade atípica de hospedagem e não se confunde com a locação por temporada da Lei nº 8.245/91. Medida legítima, compatível com a função social da propriedade.”

Destaques da decisão:

  • A assembleia condominial aprovou regimento interno impondo restrições ao Airbnb, sem alterar a convenção. 
  • O TJSP considerou válida a assembleia, já que a decisão seguiu o quórum simples previsto no art. 1.352 do Código Civil. 
  • A restrição foi considerada compatível com a autodisciplina condominial e com a função social da propriedade. 
  • O tribunal destacou que os direitos dos condôminos não são absolutos e devem respeitar sossego, segurança e saúde da coletividade.

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Por que a locação por Airbnb pode ser proibida em condomínios residenciais?

As decisões do TJSP reafirmam pontos jurídicos importantes:

  • Incompatibilidade com a finalidade residencial prevista na convenção. 
  • Alta rotatividade e ausência de vínculo dos hóspedes com a comunidade condominial. 
  • Riscos à segurança e à tranquilidade dos moradores. 
  • Natureza comercial da atividade, que exige licenciamento e controle que os condomínios residenciais não possuem. 
  • Assembleias podem aprovar regras restritivas via regimento interno, desde que respeitado o quórum legal. 

A função social da propriedade em condomínios

De acordo com o artigo 1.228, §1º, do Código Civil, o direito de propriedade deve ser exercido em consonância com sua função social.

No ambiente condominial, isso significa que o uso da unidade autônoma não pode prejudicar a coletividade, mesmo que o proprietário alegue livre disposição de seu bem. Assim, o direito de locar encontra limites quando compromete o sossego, a segurança ou a saúde dos condôminos.

Quando a locação por temporada é permitida?

A locação por temporada tradicional (art. 48 da Lei 8.245/91) ainda pode ser permitida, desde que:

  • Tenha caráter residencial temporário, por prazo de até 90 dias. 
  • Não contrarie a convenção condominial. 
  • Não seja proibida por regimento interno aprovado em assembleia com quórum válido. 

Como os condomínios podem se proteger?

Condomínios que desejam restringir a locação por plataformas como o Airbnb devem:

  • Verificar se a convenção prevê finalidade residencial exclusiva. 
  • Aprovar em assembleia regras claras no regimento interno sobre: 
    • Tempo mínimo de locação. 
    • Cadastro de hóspedes. 
    • Limitações de acesso às áreas comuns. 
  • Registrar as deliberações formalmente e notificar todos os condôminos. 

Conclusão

As decisões recentes do TJSP consolidam o entendimento de que a locação por Airbnb configura hospedagem atípica, sendo incompatível com condomínios residenciais.

Tanto a ausência de permissão expressa quanto as restrições previstas no regimento interno são suficientes para legitimar a proibição. A jurisprudência confirma que o direito de propriedade não é absoluto e deve ser exercido em harmonia com os interesses coletivos da vida condominial.

Call to Action

Você é síndico, condômino ou proprietário e enfrenta problemas com locações por Airbnb em seu condomínio? Nosso escritório é especializado em Direito Imobiliário e pode auxiliar na análise da convenção, elaboração de regimento interno e medidas judiciais cabíveis.


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